Febre Maculosa
É uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, podendo cursar desde formas assintomáticas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. É causada por uma bactéria gram-negativa, intracelular obrigatória, do gênero Rickttesia (R. rickettsii, R. parkeri), transmitida por carrapatos, principalmente pelo Amblyomma (A. cajennense, A. cooperi (dubitatum) e A. aureolatum). Caracteriza-se por ter início abrupto, com febre elevada, cefaleia e/ou mialgia intensa e/ou prostração, seguida de exantema máculo-papular predominantemente nas regiões palmar e plantar, que podem evoluir para petéquias, equimoses e hemorragias. Pacientes não tratados precocemente podem desenvolver formas graves e, destes, cerca de 80% evoluem para óbito. O sucesso do tratamento, com consequente redução da letalidade potencialmente associada a febre maculosa, esta diretamente relacionado a precocidade de sua introdução e a especificidade do antimicrobiano prescrito. |
Figura 02 – Número de casos notificados e confirmados de febre maculosa por município de residência no Estado de Goiás (2007-2015) |
No período entre 2012 e 2015 procedera-se coleta de vetores no local provável de infecção pela técnica de arrasto de flanela, armadilha de gelo seco e colheita no corpo de animais domésticos, silvestre e seres humanos. Identificaram-se aproximadamente 3.590 vetores, nas respectivas proporções Amblyomma cajennense, 72,26% (2594), Dermacentor (Anocentor) nitens 11,31% (406), Amblyommadubitatum 8,89% (319), Boophilus (Rhipicephalus)microplus 2,81% (83), Rhipicephalus sanguineus 0,31% (11), Ctenocephalides felis 0,38%(10) e Amblyomma ovale 0,28% (10). A circulação de Rickttesias do grupo febre maculosa (RGFM) foi observada em 17 indivíduos Amblyomma cajennens e 47,06% (08), Amblyomma dubitatum 35,20% (06), Rhipicephalus sanguineus 11,70% (2) e Ctenocephalides felis 5,80% (01). Amblyomma cajennense foi coletado em caninos, seres humanos, antas, equinos, bovinos e no meio ambiente (Fig. 04 e 05). Estes resultados chamam a atenção para a diversidade de potenciais vetores da febre maculosa no Estado de Goiás e da necessidade de acompanhamento destas áreas para verificar a flutuação sazonal de vetores e das taxas de infecção de riquetsioses do grupo febre maculosa, correlacionando ao risco da ocorrência de casos da doença. Figura 04 – Potenciais vetores de Rickttesia do grupo febre maculosa, por hospedeiro, pesquisado, no Estado de Goiás no período de 2011 a 2015. |
Figura 05 – Percentuais de potenciais vetores de Rickttesia do grupo febre maculosa, por espécie pesquisada, no Estado de Goiás no período de 2011 a 2015. |
O perfil epidemiológico da febre maculosa em Goiás entre 2007 e 2013 foi analisado avaliando-se todas as fichas de notificação/investigação registradas neste período com seus respectivos campos de informações. Consideraram-se dados de excelente qualidade preenchimento ≥ 90%, regular 70-89% e ruim A análise do perfil epidemiológico dos pacientes positivos no mesmo período demonstrou percentuais conforme se segue: cefaléia (C) 100%, dor abdominal (DA) 66,7%, exantema (E) 100%, febre (FB)100%, hepatoesplenomegalia (HE) 100%, linfadenopatia (L) 100%, mialgia (MI) 100%, náusea e vômito (NV) 66,7%, petéquias (P) 33,3%, prostração (PT) 100%. A maioria dos casos ocorreu na região centro-sul do estado, no sexo masculino, entre 30-39 anos, residentes em zona urbana e zona de infecção rural, em atividades de lazer, com nível escolar de 1ª a 4ª série, contato com carrrapatos, cães e gatos. Os sintomas mais expressivos foram cefaléia, dor abdominal, exantema, febre, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, mialgia, náuseas e vômitos e petéquias. Não houve óbitos, a evolução dos confirmados foi benigna podendo estar relacionada à circulação de uma cepa de Rickettsia com menor virulência. Necessitam-se mais estudos deste agente do grupo febre maculosa de ocorrência no cerrado brasileiro. Mapas de ocorrências e notificações de casos de febre maculosa por ano e o consolidado da série histórica por município de residência no Estado de Goiás entre 2007 a 2015 estão relacionados abaixo: |
Consolidado da série histórica de notificação de casos de Febre Maculosa, por município de residência, no estado de Goiás de 2007 a 2015. |
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