Pai doa rim para o filho em transplante no HGG: “Se precisar tirar meu outro rim, eu tiro”
Cirurgia foi feita por videolaparoscopia, técnica que utiliza uma câmera manipulada por pinças
Uma relação, que já era forte, se tornou ainda mais resistente por meio de um ato de amor. Nesta quarta-feira (18/10), o pai Leonardo José Ramos, de 50 anos, demonstrou todo o afeto que tem ao doar um rim ao filho Leonardo José Ramos Filho, 23 anos. O transplante renal foi mais um a ser realizado pelo corpo médico do Hospital Estadual Alberto Rassi – HGG, unidade do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). Antes da realização do procedimento, pai e filho se emocionaram. Leonardo pai disse que não pensou duas vezes sobre a decisão de doar um órgão para o filho. “Se precisar tirar meu outro rim, eu tiro. É o meu filho. Eu que coloquei ele no mundo. É um sentimento muito bom e Deus vai cuidar de nós”, afirmou.
Além de extremamente grato pela atitude do pai, Leonardo Filho espera retomar a vida normal com o rim doado pelo pai. Ele contou que sofre com problemas renais há três anos e chegou a ficar em coma por 19 dias, por conta da deficiência. Apesar das dificuldades que já passou, ele se disse esperançoso para o futuro. “Sinto o amor e o carinho do meu pai. Tenho uma filha e faria o mesmo por ela. Doação é um uma forma de ajudar o próximo e todo mundo deveria fazer”, disse ele aos prantos.
O transplante renal, que começou à tarde e se estendeu até à noite, foi realizado em duas salas cirúrgicas por equipes que atuaram ativamente: a primeira que conduziu a retirada do rim esquerdo da Leonardo pai, liderada pelo médico responsável pelo serviço de urologia do HGG, Theo Rodrigues da Costa e sua equipe. E a segunda equipe médica coordenada pelo médico urologista do HGG, Douglas Richard Gomes, atuou no implante renal de Leonardo Filho.
O médico Theo explica que a cirurgia feita nesta quarta, foi realizada por videolaparoscopia, técnica que possibilita procedimentos com o auxílio de uma câmera ligada a uma ótica que é introduzida através da parede abdominal e os órgãos são manipulados por pinças utilizadas pelo cirurgião. O médico afirma que o procedimento moderno é menos invasivo para o paciente. “É uma cirurgia que tem uma taxas menores de sangramento, de hospitalização e de dor no pós-operatório. Então, traz muitos benefícios para o paciente, porque o doador sofre muito menos do que sofria no passado”, avaliou.
Doação em vida
Para doar órgãos em vida, a pessoa precisa ser maior de idade. É exigida também uma autorização judicial prévia. Um doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula ou parte dos pulmões. Para doar órgão em vida, o médico deverá avaliar a história clínica do candidato e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos mas, há também, testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.
Alex Maia (texto) e Idtech (foto)