Campus Party Goiás: Fórum Internacional do Trabalho promove discussão sobre a tecnologia na ótica da filosofia e da ética

Participantes da Campus Party Goiás estiveram atentos às questões levantadas durante o painel O Futuro do Trabalho nos âmbitos Filosófico e Ético realizado dentro da programação do 1º Fórum do Internacional do Futuro do Trabalho: homem x máquina.  Adriano da Rocha Lima, titular da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (SEDI), que é mestre em filosofia atuou como mediador do Painel que contou com a participação da doutora em filosofia e especialista em Bioética, Maria Clara Dias, e do filósofo Clóvis de Barros.

Ao abrir o painel, Adriano da Rocha Lima, titular da SEDI, falou sobre o avanço da inteligência artificial, que já não é mais assunto de filme de ficção, mas se faz presente, inclusive no Brasil. Segundo ele, hoje no campo jurídico cerca de 40% dos pareceres já são dados por algoritmos, ou seja, por inteligência artificial.

“Mas algumas questões devemos levantar, quem será responsabilizado por decisões tomadas por estes algoritmos? Algum tipo de Inteligência artificial conseguiria incorporar valores morais e éticos? Em termos sociais e políticos como vamos solucionar esta questão do trabalho? ”, foram algumas das questões apresentadas pelo mediador Adriano da Rocha Lima aos debatedores Maria Clara Dias e Clóvis de Barros Filho.

Ainda de acordo com o secretário de Desenvolvimento e Inovação (SEDI), Adriano da Rocha Lima, pesquisas mostram que das profissões que teremos daqui a 10 anos, 30% não existem atualmente. Ele acredita que o engajamento da sociedade nestas discussões é fundamental para que a inovação, a tecnologia, a inteligência artificial não tenha impactos negativos.  “Se não nos engajarmos nessa discussão, estaremos a reboque dessas mudanças”, argumentou.

A doutora em filosofia Maria Clara Dias ressaltou, em entrevista, a importância de levar a discussão do avanço tecnológico e da Inteligência Artificial no âmbito filosófico e social para os participantes da Campus Party, constituído principalmente por jovens.

“Tentar mostrar que existe uma questão ética e situá-la bem dentro deste contexto da tecnologia é fundamental, para que eles realmente percebam que as atitudes não são neutras, que a adoção ou não das novas tecnologias tem um papel social. A técnica não é nociva em si, mas o modo como usamos pode ser”, ponderou.

Para Maria Clara Dias, existe uma responsabilidade social que deve ser entendida pelos que têm acesso à educação e as novas técnicas.  “Esta mesma técnica tem que ser disponibilizada amplamente para que a gente não crie um fosso na sociedade. E é muito importante que estes grupos de jovens, que acredito muitos não veem de grupos necessariamente privilegiados, tenham esta percepção e se comprometam com isso, em compartilhar os conhecimentos adquiridos”, frisou.

Clóvis de Barros Filho filosofou sobre o que é inovação, o que é novo. Segundo ele, sempre haverá dentro do novo aquilo que nos convém e aquilo que não nos convém. “Continuamos com o problema: quando é que o novo não é conveniente? ”, questionou.

O filósofo falou sobre a soberania do mundo da técnica, com a revolução industrial. E que a partir daí foi crescente as discussões sobre os meios, as técnicas mais eficazes, e paralelamente a “descapacitação para a discussão sobre os fins, sobre onde queremos chegar, a que tipo de humanidade queremos fazer parte”, afirmou.