Micoses Sistêmicas

Micoses Sistêmicas são infecções causadas por fungos patogênicos primários e que têm como porta de entrada o trato respiratório, donde podem disseminar para todo o organismo. As micoses sistêmicas endêmicas no Brasil são: Paracoccidioidomicose, Histoplasmose, Coccidioidomicose e Criptococose.

 

A PARACOCCIDIOIDOMICOSE é causada pelo Paracoccidioides brasiliensis, fungo dimórfico, o qual já foi isolado do solo, onde se acredita que viva saprofiticamente. É uma micose sistêmica, autóctone da América Latina, com maior ocorrência na Argentina, Colômbia, Venezuela e no Brasil, o qual contribui com cerca de 80% dos casos. A maioria dos casos tem sido reportada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. Esta micose apresenta caráter endêmico entre as populações de zona rural. Tem sido relatada a ocorrência de casos em áreas de colonização mais recente, submetidas a desmatamento, como em partes da Amazônia, atingindo áreas dos estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Acre e Amazonas, onde a paracoccidioidomicose pode ser considerada uma micose sistêmica emergente. Esta micose representa um importante problema de Saúde Pública, pelo seu alto potencial incapacitante e pela quantidade de mortes prematuras que provoca, quando não diagnosticada e tratada oportunamente.

 

A COCCIDIOIDOMICOSE, também conhecida como Febre do Vale de São Joaquim é uma micose sistêmica causada por um fungo dimórfico, o Coccidioides immitis, que quando inalado, acomete o homem e outros animais (gado bovino, ovino, caprino, entre outros).  Afeta qualquer idade, raça ou gênero (ocorrendo mais em homens), e apresenta maior incidência no verão. Nas áreas endêmicas, é doença importante entre arqueólogos, recrutas militares e trabalhadores, cuja natureza da atividade pode acarretar o contato com o agente etiológico.                                                                                       

A definição de área endêmica de coccidioidomicose baseia-se na identificação de casos humanos e de animais e na demonstração de reatividade a testes cutâneos com coccidioidina. Grande variedade de animais domésticos e silvestres é suscetível, mas o cão é o melhor marcador epidemiológico desta micose. No Brasil, infecção natural por C. immitis já foi diagnosticada em cães e tatus.  

 

A CRIPTOCOCOSE, também conhecida por Torulose, Blastomicose Européia, Doença de Busse-Buschke é uma micose sistêmica causada por um complexo de fungos patogênicos identificados no gênero Cryptococcus.  Adquirida através da inalação de propágulos infectantes, inclui duas entidades clínicas distintas: (1) criptococose oportunística, cosmopolita, associada a condições de imunodepressão celular, causada por Cryptococcus neoformans var. neoformans e (2) criptococose  primária, endêmica em áreas tropicais e subtropicais, ocorre em hospedeiros aparentemente normais, causada por Cryptococcus neoformans var. gattii. Ambas causam meningoencefalite de base, de evolução grave, fatal, acompanhada ou não de lesão pulmonar evidente, fungemia e focos secundários para pele, ossos, rins, supra-renal, entre outros. 

 

A partir de 1980, na era AIDS, ocorreu aumento marcante da criptococose oportunística em todo mundo, o que gerou o interesse e marcada expansão da pesquisa sobre este agente. Dentre as micoses sistêmicas, a criptococose tem sido relatada como a mais prevalente em termos de internação. Dados do Sistema de Internação Hospitalar do Sistema Único de Saúde - SIH-SUS demonstram que a criptococose apresentou o maior número de internações no período de 2000 a 2007, como mostra o gráfico a seguir.

 

Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil predomina a criptococose associada à AIDS, em homens, causada pela variedade neoformans, sendo a letalidade de cerca de 35 a 40%. Casos por variedade gattii importados ou não de outras regiões do país ocorrem esporadicamente também nas regiões Sul e Sudeste.  A criptococose ocorre como primeira manifestação oportunística em cerca de 4,4 % dos casos de AIDS no Brasil e estima-se a prevalência da criptococose associada a AIDS entre 8 e 12% em centros de referência da região.

 

A HISTOPLASMOSE é uma infecção fúngica sistêmica podendo apresentar-se desde uma infecção assintomática até a forma de doença disseminada com êxito letal.  Constitui-se na mais comum infecção respiratória causada por fungo – Histoplasma capsulatum. É adquirida por inalação de esporos dispersos no ambiente rico em guano (fezes de morcegos e aves) e está amplamente distribuída no mundo. No Brasil, diversos trabalhos têm demonstrado a alta prevalência da infecção em vários estados, com índices que alcançam 90% de positividade à histoplasmina em determinadas áreas.

 

Atualmente constitui um sério problema em hospedeiros imunocomprometidos, principalmente entre os portadores da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

 

Numerosos inquéritos realizados com histoplasmina no Brasil demonstraram expressivos índices de positividade e a distribuição focal da prevalência da infecção nas diferentes regiões do país: Sul (6.30-89 %), Sudeste (4.60-94.7%), Nordeste (2.60-61.50), Centro-Oeste (9.60-63.10%) e Norte (12.8-50,1%).

 

Desconhecem-se a real magnitude do problema das micoses sistêmicas no estado de Goiás, uma vez que não são doenças de notificação compulsória. Por se tratarem de doenças fúngicas emergentes constata-se a necessidade de implantação de uma vigilância epidemiológica eficaz.

 

 

Observa-se no gráfico a seguir a quantidade de exames positivos das micoses sistêmicas diagnosticadas no estado.  Com um percentual de positividade de 0,25%, 3,1%, e 3,48% para Paracoccidioidomicose Histoplasma e Criptococose, respectivamente.

 
 

 Proposta de Vigilância Epidemiológica e Controle

 

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