HGG salva vida de paciente após complicações em procedimento cirúrgico em unidade particular

Na Ala de Cuidados Paliativos na unidade do Governo de Goiás, Ana Flávia Brito conta que tentou emagrecer de várias formas, até se decidir por uma cirurgia bariátrica em hospital da rede privada. "Deu tudo errado.”

Ana Flávia se recupera no serviço de cuidados paliativos do HGG, que já atendeu mais de 3 mil pessoas

Ana Flávia Alves da Silva Brito tem 33 anos e é pedagoga. Há cinco meses, recorreu a uma cirurgia bariátrica para redução de peso, procedimento que quase pôs fim à vida dela. “Eu tinha 112 kg. Queria chegar aos 60. Tentei emagrecer de várias formas, fui para academia, consultei com a nutricionista, nada foi útil. Não consegui. Então decidi fazer a cirurgia bariátrica. Procurei um hospital particular e fiz. Mas deu tudo errado”, revela.

Tudo corria bem nos primeiros dias após o procedimento cirúrgico. Até que Ana Flávia começou a ter vários episódios de vômito. “Nada parava no meu estômago. Eu apenas vomitava.” Enfraquecida, procurou a unidade de saúde onde realizou o procedimento para atendimento, mas sem sucesso.

“Consegui atendimento no HGG. Cheguei muito debilitada, mas a equipe de médicos conseguiu adequar minha cirurgia. Graças a Deus, tinha esses profissionais para me atender. Eles salvaram minha vida. Se não fosse essa equipe aqui, eu não estaria aqui.”

O breve relato de Ana Flávia são algumas lembranças dos momentos de internação, cuidados especiais e medicações diárias que recebia e ainda recebe. O que era para ser sonho se tornou um pesadelo. Uma luta diária pela vida que, aos poucos, está se restabelecendo e voltando ao normal.

Ambiente de acolhida
Quando deu entrada no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), o Centro de Terapia Intensiva foi o primeiro ambiente de acolhida da paciente. Após avaliação médica, Ana Flávia foi internada na Ala de Cuidados Paliativos, para recuperação e tratamento humanizado. No local, encontrou esperança e generosidade. E, aos poucos, a evolução da paciente foi sendo comemorada, e seu quadro crítico foi se tornando estável.

Recentemente, a paciente teve a oportunidade de ir para casa, passar alguns dias com sua família e seus filhos, Maria Alice Brito, 5 anos; e Ronald Brito. 15. Durante todo o bate-papo com a reportagem, ela ressaltou a falta que os filhos fazem em seu dia a dia.

“Lutei muito para continuar vivendo. Ainda estou em tratamento, e a recuperação ainda vai ser longa. Mas, com o apoio da minha família, vou conseguir. Meu esposo e minha irmã não saíram do meu lado. Sou eternamente grata a eles. Se eu puder deixar uma mensagem para outros pacientes, seria: tenham fé, não desistam.” 

Sua irmã, a comerciante Mara Cristina Alves da Silva, 35 anos, conta que viveram momentos muito difíceis, mas desde o primeiro procedimento cirúrgico estavam juntas. “Foram muitos períodos complicados. Quando chegamos ao HGG, ela estava muito debilitada, e já tínhamos sido desenganados pelos médicos de outro hospital. Mas os profissionais do HGG se reuniram para falar do caso dela. Nos explicaram a situação e o que pretendiam fazer para cuidar dela.”

'Útil ao agradável'
A irmã conta que os médicos e profissionais multidisciplinares do HGG juntaram “o útil ao agradável” para o tratamento de Ana Flávia. “Não demorou muito para começar a percebermos o processo de evolução e melhora dela. Todas as pessoas que atuam na assistência deste hospital tinham o propósito de ajudar minha irmã. Todos foram muito humanos, não pensaram apenas em cuidar das feridas que tinham no corpo dela, mas também na mente.”

Mara Cristina disse também que o ambiente agradável, os cuidados especiais e empáticos com Ana Flávia foram essenciais para dar novo sentido à vida da irmã, além de novas expectativas para uma recuperação melhor e com mais qualidade de vida. “Não vamos desistir jamais, pois Deus nos dá força diariamente. E com esperança e fé, vamos vencendo. Os médicos estão fazendo o melhor por ela. Tudo está dando certo, graças a Deus.”

O psicólogo paliativista do HGG Dimilson Vasconcelos explica que a paciente Ana Flávia chegou à ala com um histórico de internação muito prolongada. Além disso, apresentava um quadro emocional bastante afetado.

“Quando recebemos a paciente, a primeira coisa que fizemos foi tentar estreitar laços com ela, para que se sentisse segura e com uma rede de apoio, pois apresentava um quadro bastante fragilizado e falava constantemente dos filhos. Com a atuação das equipes de enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional e o suporte diário da psicologia, tivemos evolução no caso da paciente, que depois de assistida, começou a se expressar, inclusive por meio da pintura artísticas nos quadros.”

Altos e baixos
O profissional ressalta que, mesmo após muitos altos e baixos, Ana Flávia conseguiu dar mais abertura para as equipes assistenciais, se beneficiando de forma completa dos cuidados e atendimentos que eram e são necessários para a recuperação.

“Cuidar dessa paciente foi um grande desafio para toda a equipe. Nos reuníamos para discutir o plano de cuidados dela. Era uma reunião bem demorada, com a participação de todos os profissionais necessários. Aos poucos, o quadro da paciente foi evoluindo, melhorando. Ficamos muito felizes em observar que ela está ficando muito melhor do que quando chegou”, destaca Dimilson. 

O psicólogo disse que todo o adoecimento causado pela cirurgia malsucedida deixou a paciente muito sensibilizada. “Ana Flávia tinha um desejo, e ele foi totalmente frustrado. Foi algo muito esperado e preparado por ela, mas de forma repentina houve todas essas consequências inesperadas. Foi um caminho que ela não esperava trilhar. O afastamento da família também foi um agravante. Ela está se recuperando. É um processo demorado, mas acreditamos que ela possa ter uma reversão do quadro e ter mais qualidade de vida.”

A médica geriatra do HGG Eliza Borges comenta sobre a gravidade do caso. E ressalta as boas perspectivas de recuperação da paciente. “Quando a equipe de cuidados paliativos começou a acompanhar a paciente Ana Flávia, ela tinha várias complicações infecciosas e distúrbios, tudo associado à gravidade de um quadro traumático, cirúrgico, foi muito complicado. A paciente sofria muito pela falta da família, e nós sofríamos juntos, pois queríamos ofertar a melhor condição para ela", lembra.

"Mas, com muito esforço, temos evolução no tratamento dela, estabilidade clínica e proposta de novas abordagens cirúrgicas para auxiliar na recuperação. A Ana Flávia sempre esteve lúcida. Nós cuidamos dela diariamente, com abordagens minimamente invasivas, acolhimento familiar, com visita estendidas, tudo para dar o melhor suporte físico, psicológico e espiritual para ela”, completou.

Paciente paliativo 
O Núcleo de Apoio ao Paciente Paliativo (Napp) do HGG é um serviço que tem como objetivo promover apoio à equipe assistencial, pacientes e seus familiares, diante de uma doença grave que ameace a continuidade da vida. O atendimento de cuidados paliativos é realizado nos momentos iniciais e finais das doenças, prevenindo sofrimentos desnecessários e proporcionando conforto em situações de dor extrema.

Desde 2014, o HGG emite pareceres sobre esse tipo de abordagem. Em 2016, a unidade inaugurou a Ala de Cuidados Paliativos, com dez leitos e atendimento especializado realizado pelo Napp. Nesta quarta-feira (08/11), a ala completa sete anos de funcionamento. Durante todo esse período, o serviço de cuidados paliativos da unidade já atendeu mais de 3 mil pessoas.

Suzana Meira (texto e foto)/Idtech

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