Unidade de Queimados do Hugol é referência humanizada e possui estrutura moderna

Dos 20.520 procedimentos cirúrgicos realizados no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), de julho de 2015 a dezembro de 2016, 3.162 são de cirurgias plásticas reparadoras. Joatam Pereira, de 31 anos, faz parte dessa estatística. Em dezembro do ano passado, o eletricista estava trabalhando num sistema de transformadores quando levou um choque. Perdeu a consciência por alguns segundos e quando retornou, estava com o braço e a perna queimados.

Joatam precisou fazer cinco raspagens e duas cirurgias na parte inferior da perna, sendo que na primeira cirurgia ficou oito horas no Centro Cirúrgico, onde foi retirada uma parte da pele da coxa para fechar a parte exposta causada pelo queimado. Também precisou abrir o braço para saber até onde a queimadura havia atingido. Depois de 61 dias internado, Joatam retorna todos os dias ao hospital para ver a evolução do seu caso. Em breve, começará a fazer as sessões de fisioterapia.

Hoje, a preocupação de Joatam é ficar 100% bem mas, no dia do susto, a primeira apreensão era em qual unidade hospitalar seria atendido. Ele conta que não tinha conhecimento sobre a Unidade de Queimados do Hugol e pensou que seria levado para algum hospital particular. Mas, sem plano de saúde, só pensava em como resolveria isso. “Também tinha o medo de ficar por dias internado aguardando uma data de cirurgia e correndo o risco de ter de amputar a perna. Quando os bombeiros me informaram que no Hugol tinha a ala do Queimados, fiquei mais tranquilo”, relembra.

Supervisor médico da Unidade de Queimados do Hugol, Fabiano Arruda conta que a ala é exclusivamente do SUS e possui a estrutura mais moderna do País, contando com excelentes equipamentos e um corpo clínico capacitado. A unidade tem equipe médica plástica e intensivista, enfermagem, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais. “Esta ala é referência. Os pacientes recebem total apoio para retornar à vida social”.

Com queimadura de 3° grau, Joatam conta que fez os exames necessários no dia que chegou e no outro já passou pela primeira cirurgia. “Fiquei surpreso pelo atendimento e pela estrutura do hospital. Agradeço a todos os profissionais”.

A dor por dentro

Já podendo movimentar o braço, mas ainda andando de muleta porque não pode forçar o pé no chão, a esperança de Joatam é poder voltar à rotina. Otimista, ele conta que nem todo dia, enquanto internado, tinha disposição. Os colegas de quarto e os profissionais foram grandes aliados na recuperação. Havia uma troca de energia positiva entre todos.

“Mexe muito com o psicológico, porque a gente acha que vai ser muito rápido. Mas tem que ter paciência. Se você se ajudar, vai evoluir. Muita gente se entrega e não se alimenta direito. O emocional fica mesmo abalado”, conta Joatam. “Nas duas primeiras semanas, a dor é insuportável. Dói na alma. Mas não pode se entregar”, acrescenta. Positivo como é, ele lembra, juntamente com a mulher Ilmaione Keisa – sempre ao seu lado, que o fato de estar vivo já é motivo de agradecimento. “Vi muita gente com o corpo todo queimado. Se um queimadinho no dedo dói, imagina para quem está com o corpo todo queimado?”.

A psicóloga hospitalar da Unidade de Queimados do Hugol, Bruna Wascheck Fortini, explica que quando o paciente é internado, a psicologia atua tanto com o paciente quanto com os familiares. “Todos são amparados em sua emergência emocional. Em um primeiro momento, a intenção é tranquilizar paciente e familiares quanto ao que eles enfrentarão em dias de internação. Esse primeiro contato é muito importante para a construção de um vínculo entre os envolvidos (psicólogo e paciente/psicólogo e familiares), para que se sintam à vontade em expor suas angústias, sofrimentos e conquistas diárias”.

Os dias internados não são fáceis. “Assim como qualquer acidente, toda interrupção que desestruture a vida da pessoa, a queimadura e seu tratamento, bem como todas as implicações advindas disso, não possuem uma forma específica de intervenção por parte da psicologia. O vínculo estabelecido pelo profissional psicólogo e o seu paciente guiará muito a forma dessa atuação. O paciente receberá o amparo emocional necessário para conseguir internalizar sua nova imagem corporal e seguir sua vida, de forma a não ter qualquer sequela física como impeditiva de sua felicidade e conquistas”, diz a psicóloga.

O eletricista Joatam diz que não pretende voltar a trabalhar na mesma área. Primeiramente por uma questão física. Ele explica que o serviço elétrico exige força, tem de subir em escada e ficar muito tempo exposto ao sol, algo que ele deve evitar. “Também o emocional. Não consigo mais trabalhar nessa área. Já foi a gota d’água”. Com um sorriso no rosto e uma maneira leve de ver a vida, Joatam, no momento, só foca em se recuperar totalmente.

Orientações

Segundo balanço do Hugol, dos atendimentos aos queimados, 71% são de adultos e 29% crianças. Segundo o supervisor médico da Unidade de Queimados do Hugol, Fabiano Arruda, os principais motivos para os atendimentos de queimados na unidade são por acidente com álcool, eletricidade e, em crianças, por acidente na cozinha.

Quando o paciente chega à unidade, é avaliado se é caso de cirurgia plástica, qual a profundidade e quais os procedimentos necessários desde curativos até casos cirúrgicos, como enxertos e retalhos.

Em casos de queimadura, o médico orienta que deve colocar água corrente no local queimado e entrar em contato direto com o Samu. Nunca usar receitas caseiras nem aplicar pasta de dente ou pomadas, pois podem complicar a queimadura.

Fonte: Goiás Agora

Fotos: LéoIran e NCOM/Hugol

 

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